Final da Copa Libertadores 2022 em Guayaquil: para quem?

No dia 29 de outubro de 2022, acontecerá a grande final da 63ª edição da Copa Libertadores da América, que será disputada entre o Athletico Paranaense e o Flamengo. Para a ocasião, há um detalhe que pode diminuir a grandeza do espetáculo: a sede escolhida pela Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) para a realização da final em partida única entre dois clubes brasileiros – o estádio Monumental Isidro Romero Carbo, do Barcelona Sporting Club, em Guayaquil (Equador).

Nas redes sociais, a euforia dos torcedores se mistura com a frustração de grande parte dos apaixonados por suas equipes, que não poderão ir ao Equador. Para além das preocupações com a situação do estádio, que passa por diversas reformas faltando pouco mais de um mês para a partida, os problemas giram em torno da distância da cidade-sede, dos valores das passagens e ingressos, e da falta de estrutura da cidade para atender um evento como esse.

Imagem divulgação

As passagens, partindo de Curitiba, giram em torno de R$ 8.000,00 e, do Rio, R$ 6.000,00. Alguns pacotes de viagem chegam a R$ 22.000,00. Há informações de que o ingresso de menor valor custará US$ 120 (aproximadamente R$ 620,00). Além disso, a capacidade hoteleira da cidade é de cerca de 12-15 mil vagas, enquanto o estádio tem capacidade para pouco mais de 57.000 pessoas. A escassez de voos e hotéis preocupa, inclusive, os clubes finalistas, que vêm encontrando dificuldades para programar a logística para levar suas delegações e convidados, como familiares de jogadores, por exemplo.

Torcedores de ambos os clubes (aqueles que podem pagar ou que estão dispostos a contrair dívidas enormes) estão apelando para conexões aéreas por várias cidades da América do Sul. Só para ter uma ideia das dificuldades para assistir à final, há uma caravana sendo organizada pela torcida do Athletico que levará uma semana para ir e outra para voltar a Curitiba. Sem falar que muitos não terão onde dormir em Guayaquil.

O formato de partida única em uma cidade predefinida para a final da Copa Libertadores da América acontece desde 2019, aos moldes da Champions League. No entanto, não tem como comparar as distâncias e a mobilidade entre países em nosso continente com o europeu. Tampouco a questão financeira é passível de comparações.

Sou torcedora, sempre que possível, vou ao estádio assistir às partidas do meu time e acompanho as discussões nas redes. O que eu e muitas outras pessoas gostaríamos de saber é: final da Libertadores para quem? Quando a CONMEBOL repensará esse formato inacessível para a maior parte das torcidas envolvidas nessa tão sonhada final?

*Katiuscia Mello Figuerôa é doutora em Ciências da Atividade Física e Desportiva, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.

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